segunda-feira, 5 de julho de 2010

Saudosismo


Sempre fui menina rockeira. Rock Girl! Desde criança meu pai me criou ouvindo Scorpions, Elton John, aquelas baladinhas do Kiss, Bee Gees, Rod Stewart, Bob Dylan, ABBA [é pop, eu sei, mas conta e é muito bom!], e o pouco que ele ouvia de música nacional era Zé Ramalho, Elba Ramalho, Fagner, Alceu Valença, Zé Geraldo [“tá vendo aquele prédio, moço? Eu também trabalhei lá...” – essa canção me deixava deprimida quando eu era pequenina]. 


Com o tempo eu fui crescendo e selecionando o que realmente valia a pena ouvir. Acabei excluindo as coisas brasileiras e ficando somente com as coisas da língua estrangeira – o que, aos meus ouvidos, soa bem melhor.
Foi bem na época que eu cheguei a Natal [cresci na cidade de Santana do Matos, RN]. O ano era 1991, eu tinha 9 anos de idade. Aluna nova num colégio de freiras, fazendo novos amigos pela vizinhança e conhecendo as maravilhas do rádio [naquela época rádio era o que havia de mais moderno]. Era a época da “Rádio Cidade”, da “Rádio 96 FM” [ambas hoje só tocam o maldito axé e do famigerado forró] e da extinta “Transamérica”, que só tocavam músicas internacionais das boas, baladas e o pop/rock do início dos anos 90, como Enigma, Dire Straits, Double You, Eurythimics, Nirvana, Pearl Jam, Red Hot Chili Peppers, Ace of Base, Haddaway [“what is love / baby dont hurt me / dont hurt me / no more”], Roxette [e seu pop chicletão e aquelas baladinhas muy fofas], Michael Jackson no Brasil e Madonna mandando ver com sua turnê de sacanagem e putaria e livro não menos pornográfico “The Girlie Show”. É, eu me lembro de tudo isso!


Mais pra frente um pouco, quando eu tinha 13 anos a minha tia maluca me apresentou “Shine on You Crazy Diamond”, do Pink Floyd. Depois dessa linda suite eu fiquei mais e mais seletiva com músicas e artistas. Era só rock, e rock antigo, e fim de papo! Na verdade, era só Pink Floyd pra achar bom. Não ouvia quase mais nada além deles. Ouvia o “Wish You Were Here”, de 1975, entre 10 e 20 vezes por dia. Até hoje eu não enjoei, mas com certeza ouço com menos frequência. Ouvia também o “P.U.L.S.E”, de 1994, e a partir dele fui descobrindo o “Dark Side of the Moon”, de 1973, e o “The Wall”, de 1979. Deslanchei em seguida pros álbuns mais e mais antigos e pra artistas tão antigos quanto eles. Assim consolidei o meu eu musical, a minha identidade musical, o que permanece até hoje [pelo menos a base sólida].


Porém, se você acha que eu vim aqui falar dos mestres do Rock’N’Roll, está bastante enganado. Se quiser desistir de ler isso aqui, o momento é agora! [one, two, three – GO!]
Depois de três anos ouvindo Pink Floyd, Bon Jovi [o álbum “These Days” de uma colega minha ficou cheio de buracos após passar pelas minhas mãos e eu só devolver no último dia de aula do ano de 1997, ficando quase dois anos com o disco em meu poder, hahahaha!], Tears For Fears e o magnífico “Raoul and The Kings of Spain” [Raoooooooul / Raoooooooul and the kings of Spaaaaain], um pouco de grunge aqui e ali da novíssima banda Silverchair [“Frogstomp” e “Freak Show”] e outras mais, eis que, nas férias escolares de julho de 1998, eu caí em desgraça.
Como sempre eu estava em Brejo do Cruz, interior do estado da Paraíba. Uma cidade que eu amo desde meu nascimento. Uma cidade a qual eu sempre visito e a aonde eu fiz verdadeiros e grandes amigos. Uma cidade aonde eu e minha eterna friend Thaís Maia aprontávamos das nossas.
Pois é... Foi no quarto da casa de Thaís, num desses nossos esperados reencontros, que ela me mostrou a música “Everybody”, dos Backstreet Boys. E assim se deu o meu fim! O fim de toda a minha envergadura moral pra encher o peito e dizer: EU SOU UMA ROCKEIRA LEGÍTIMA, 100% ROCK’N’ROLL, BABY! #balela #failagain.


Apaixonei-me perdidamente ai,ai. Primeiro pelo Kevin, claro! Aqueles olhos verdes tão encantadores, moreno, alto, forte, voz mansa, olhar brilhante... Tantos atributos que meus olhos colaram em definitivo “forever and ever”. Depois porque a música grudou né? -  “Everybody / Yeeeaaah! / Rock your boooody / Yeeeaaah! / Everybody, rock your body right / Backstreet’s Back, Alright!” [Versinho grudento “do caralho!”]. Aí veio aquele vozeirão do AJ que eu sou louca de apaixonada até hoje. O Brian também tem uma voz linda e os outros dois que eu trato com o maior desprezo do mundo – Nick e Howie, só são os vasos decorativos da banda. [ai, que ofensa! Beesha má!].


Quando cheguei a Natal a primeira providência a ser tomada foi comprar o “Backstreet’s Back” [e eu nem sabia que eles tinham ido, quanto mais back]. Comprei e ouvi o bendito por anos e anos.
Logo em seguida comprei o primeiro álbum deles que havia chegado e atormentei muito minha família [huahuahuahuaha...] repetindo as canções inúmeras vezes por longos e longos dias religiosamente. Era no quarto, no banho, no carro, na sala, na cozinha e aonde eu pudesse enfiar os benditos cd’s e poder ouvir atéééé... Também vieram os pôsteres, as revistas, os adesivos, as reuniões para ver vídeos, shows, enfim.

 Foi o meu fim! Se foi... Porque depois deles vieram a Britney Spears, a lindíssima e amada Christina Aguilera, as Spice Girls, o Westlife, o Five, as All Saints e toda a popaiada que você puder imaginar [menos o NSync, é claro, que eu chamo carinhosamente de NShit].


 O pior é que eu gosto. Gosto mesmo!!!  Me pego ouvindo essas canções até hoje no meu iPod, saudosa, lembrando dos bons momentos que vivi ao som dessa trilha sonora eterna da minha adolescência. Das pessoas que conheci, das lágrimas que derramei, dos sorrisos... De toda aquela época em que a minha única preocupação era ter que pedir pra minha mãe ir comigo até o hiper Bompreço saber se o “Millenium” tinha chegado, porque eu ainda era menor de idade e não podia dirigir.
Hoje eu escuto até Lady Gaga se me der vontade. Só continuo restrita aos artistas nacionais. E não adianta me perturbar agora. Isso é tema pra outro post.
Beijos saudosos! 
Xoxoxo,
Scarlet
OBSERVAÇÕES:
1.       É... Sou do tempo da radiola; depois eu passei pro rádio por que onde eu morava só pegava AM; Em seguida meu pai me deu um moderníssimo walkman, aonde eu ouvia minhas rádios favoritas e as fitas K7 que eu gravava; Aos 15 anos eu ganhei meu primeiro stereo com CD player; Aos 19 comprei meu DiscMan; Aos 23/24 comprei meu MP3 de 128 Mega, depois um de 2 GB e hoje , com meus sofridos 28 anos, estou felicíssima com meus 30 GB de iPod.
2.       Esse post é em homenagem as minhas boas amigas que fazem aniversário em Julho: as Déboras Maria e Mariano.
3.       Este post também é uma homenagem às grandes amigas que eu fiz graças aos Backstreet Boys: Taynah, Carol, Giu, Rozanna, Thais, Tati, Thyra, Lillian e Magali.

5 comentários:

Debora disse...

Nhóim!! >.<
Amey!
;**

Carol disse...

Tatáááá!!!!

Que post mais delicioso, mulher!! Coisa boa lembrar de um tempo onde não tinhamos preocupações, decepções, td era tão mais simples! Não vou mentir, me emocionei e ri muito lendo seu post! hehehehe!
Guardo meus cds e revistas com muito carinho, juntamente com meus cds de metal. Assim como o rock/metal, eles tb representam algum momento da minha vida.
O que os "ex" já tentaram sumir com esses CDS... hahahaha! Sempre dava briga! ^^
Época boa msm... Guardo boas recordações desse tempo e fico feliz em manter contato ainda com pessoas que fizeram pte disso, como vc por exemplo! :]
Bjssssss!

Anônimo disse...

Tatá...ri muito lendo o que vc escreveu sobre o BSB(parece que estou ouvindo vc falar)...cai nesa tbm na época do colégio..apaixonada por eles..além do Hanson...aiaiai babava por Taylor...=D tenho inumeros posteres dos mesmos...uma baladinha mto massa pra enlouquecer com as colegas..infelizmente de minhas amigas apenas duas gostavam (Mayara Holanda que até hj tem bom gosto musical, assim eu acredito apesar de não ter mais contato..e Ranata Fernandes que curtia o BSB, mas tbm era fã de Sandy e Junior rsrs assim como eu..tive um tempo Negro tbm)...bom, enfim!!Teu gosto musical eh eclético e ao mesmo tempo selecionado..

Bjão!!
Izabelly Dutra

Debs disse...

Oh, my God! Eu tive agora um flashback da minha adolescência, com a gente berrando na frente da TV enquanto assistia aos shows do BSB. Ainda bem que eu cresci e aprendi a controlar meus hormônios. Dessa época, eu prefiro mantêr só as boas amizades. O gosto musical eu deixo lá no passado mesmo. Salvo quando bate aqueeeeela nostalgia.. rs

Giuliana Auricchio disse...

Delicioso esse post, AMEI.
E graças a eles nos conhecemos. AMO VC trankera!! =**